27/12/10

Estudos: seropositivos têm as mesmas expectativa de vida igual às pessoas que não vivem com o VIH e SIDA

Com tratamento antirretroviral e outros cuidados de saúde, os soropositivos podem ter uma expectativa de vida igual às pessoas que não têm o vírus da SIDA, demonstraram dois estudos apresentados na 17ª Conferência de Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), ocorrida em São Francisco, nos Estados Unidos.

Segundo o AidsMap - serviço de notícias que fez a cobertura oficial da CROI-, investigadores holandeses fizeram a monitoria de mais de 400 doentes recém diagnosticados com HIV, entre 1998 e 2008.

Para cada grupo de 150 doentes, observou-se apenas uma morte por ano, e utilizando este dado, os investigadores fizeram uma relação com a expectativa de vida mundial. Uma pessoa que for diagnosticada com HIV aos 25 anos, por exemplo, pode se esperar que ela viva mais 52 anos, ou seja, que morra com 77 anos.

Trata-se de uma expectativa, segundo o estudo, que se revelou quase idêntica à média de vida de uma pessoa sem HIV na população geral holandesa.

Numa outra pesquisa, investigadores europeus acompanharam a taxa de mortalidade em mais de 80 mil doentes.

Entre os homens que tinham uma contagem de células de defesa do organismos (CD4) acima de 500 cópias por milímetro cúbico de sangue e que não tinham injetado drogas, a taxa de mortalidade foi idêntica aos seus pares soronegativos.

No caso das mulheres com HIV foi observada uma taxa de mortalidade mais elevada; contudo, os investigadores pensam que este fato deve estar relacionado a fatores sociais, econômicos e comportamentais.

Denise Lotufo Estevam, infectologista do Centro de Referência e Treinamento em DST e Aids de São Paulo (CRT-DST/Aids), participou da CROI.

Ela conta que o evento nos Estados Unidos destacou muito a mudança do motivo causador do óbito das pessoas com HIV, que hoje morrem mais de doenças cardiovasculares, por exemplo, do quem em decorrência das fraquezas do sistema imunológico.

“Ainda não podemos garantir que a expectativa de vida (de uma pessoa com e sem HIV) é igual, pois precisamos de muitos outros estudos, mas sem dúvida a aids é uma doença crônica”, comentou.

No CRT-DST/Aids desde 1992, Estevam conta que atende vários pacientes que vivem com HIV e aids antes de ela começar a trabalhar na instituição.

“Hoje as pessoas podem fazer planos pro futuro, cursar uma faculdade, ter uma carreira profissional...”, exemplificou.

O ativista Hugo Hagström, de 49 anos, vive com HIV há aproximadamente 25 anos e está em tratamento antirretroviral há 14.

Integrante do Grupo de Incentivo à Vida (GIV) de São Paulo, Hagström diz que foram aos antirretrovirais que deram uma grande expectativa de vida às pessoas com HIV, mas os efeitos colaterais provocados por esses medicamentos ainda são enormes, como a lipodistrofia (alterações na massa corpórea) e as doenças no fígado.

“Quais as consequências dessa grande expectativa de vida? As pessoas que estão em tratamento contra a aids têm muitos outros problemas de saúde”, lamentou.

A jovem Karina Ferreira da Cruz, de 22 anos, vive com HIV desde criança. Devido ao efeito de alguns medicamentos contra a aids, ela disse sentir muito sono durante o dia, o que a prejudica no trabalho.

Contudo, a jovem disse que está contente pelos resultados apresentados na CROI.

“Fico feliz em saber sobre os resultados desses estudos, pois sei que se eu fizer um bom planejamento de vida, ter uma alimentação saúdavel e fazer exercícios físicos, terei uma expectativa de vida igual a das pessoas que não têm o HIV”, finaliza.

Especialistas explicam que os pacientes respondem de maneira diferente ao coquetel antirretroviral, tanto no tratamento contra a aids, como nos efeitos provocados pelos medicamentos.

Porém, uma alimentação saudável e atividades físicas são aconselhadas a todos os pacientes.

Fonte: Agência de Notícias da Aids

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