Diferenças entre VIH, HIV e SIDA
VIH é a sigla para Vírus da Imunodeficiência Humana.
HIV é a sigla em inglês para Human Immunodeficiency Virus.
SIDA significa Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida. É um conjunto de sinais e sintomas bem definidos que podem surgir em indivíduos com a infecção pelo VIH.
Desde o momento em que se adquire a infecção até que surjam sintomas de doença decorre um período de tempo, designado como fase assintomática da infecção pelo VIH, (que pode durar em média 8 a 10 anos) em que a pessoa infectada não tem qualquer sintoma e se sente bem. Nesta fase a infecção pode ser detectada apenas se se efectuarem as análises específicas para o VIH. Esta é a fase da doença em que se diz que o indivíduo é seropositivo.
Na evolução da infecção pelo VIH verifica-se uma destruição progressiva do sistema de defesa do organismo humano (o sistema imunológico) com estabelecimento de um estado de imunodepressão que permite o aparecimento de infecções oportunistas e determinados tipos de tumores. Quando uma pessoa infectada pelo VIH tem uma destas infecções oportunistas ou tumores passa a dizer-se que já tem SIDA.
Quer um seropositivo, quer um indivíduo com SIDA podem transmitir a infecção a outras pessoas através de comportamentos de risco.
Pode estar-se sempre no estado de seropositividade sem passar a sida?
Sem tratamento específico para o VIH (com os medicamentos anti-retrovíricos) todos os infectados com o vírus virão a ter SIDA mais cedo ou mais tarde. Desde o momento em que a pessoa adquire a infecção até entrar no estadio de SIDA decorre um período de tempo que é, em média, de 8 a 10 anos. Com o tratamento actualmente disponível, é possível modificar a história natural desta infecção, aumentando a duração do período assintomático da doença e prevenindo o aparecimento das infecções e tumores que definem a fase de SIDA. Para que isto seja possível, é fundamental que todo o indivíduo seropositivo tenha um acompanhamento médico periódico adequado.
Quem tem um teste positivo tem sida?
Ter um teste positivo para o VIH significa que se tem a infecção por este vírus. Quando uma pessoa com o teste positivo já teve ou tem determinadas manifestações oportunistas – infecções e/ou tumores – então, já tem SIDA. SIDA significa Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida. É um conjunto de sinais e sintomas bem definidos que surgem em indivíduos com a infecção pelo VIH.
Ambos são vírus da Imunodeficiência Humana, capazes de provocar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e com formas de contágio similares. As diferenças mais importantes entre eles são:
O VIH-1 é mais “agressivo”, sendo mais rápido na destruição do sistema de defesa do organismo humano – o sistema imunológico. A evolução da doença é mais rápida nos doentes com VIH-1, comparativamente aos doentes com VIH-2. O período assintomático de infecção é, em média, de 10 anos para o VIH-1 e de 30 anos para o VIH-2.
O VIH-1 transmite-se mais facilmente, ou seja, o contágio de pessoa a pessoa é mais provável do que para o VIH-2.
No Mundo, existem muito mais pessoas infectadas pelo VIH-1 do que pelo VIH-2
O VIH-1 responde melhor e de forma mais previsível aos medicamentos anti-retrovíricos. Alguns dos medicamentos disponíveis são eficazes contra o VIH-1 mas não contra o VIH-2
Quais os sintomas do VIH?
Quando se adquire a infecção pelo VIH pode não se ter qualquer sintoma ou, então, ter um quadro febril tipo gripal. Em seguida, o doente fica sem sintomas durante um período variável que pode ser de anos, em média de 8 a 10 anos, sentindo-se bem. Nesta fase, como em todas as fases da infecção, existe possibilidade de transmissão da doença a outras pessoas.
Após este período assintomático, surge a fase sintomática da infecção em que o doente começa a ter sintomas e sinais de doença, indicativos da existência de uma diminuição das defesas do organismo. O doente pode referir cansaço não habitual, perda de peso, suores nocturnos, falta de apetite, diarreia, queda de cabelo, pele seca e descamativa, entre outros sintomas. Podem surgir algumas manifestações oportunistas como a candidose oral (infecção da boca por fungos), candidoses vaginais de repetição, um episódio de herpes zoster (“zona”), episódios de herpes simples de repetição (oral ou genital), etc. Mais tarde podem surgir infecções graves, como tuberculose, pneumonia, meningite, entre outras manifestações oportunistas possíveis e indicadoras de uma grave imunodepressão (diminuição acentuada das defesas do organismo humano).
Quantos anos de vida tem uma pessoa seropositiva?
É muito variável. A evolução da infecção não é igual em todas as pessoas. Desde o momento em que se adquire a infecção até que surjam sintomas de doença decorre um período de tempo, designado como fase assintomática da infecção pelo VIH, que pode durar em média 8 a 10 anos. No entanto, nalgumas pessoas este período pode ser apenas de dois ou três anos e noutras de 15 ou 20 anos.
Após o aparecimento de uma infecção oportunista, ou seja, após se entrar na fase de SIDA, o tempo médio de sobrevida é de cerca de um ano e meio, na ausência de tratamento anti-retrovírico.
No entanto, com os medicamentos actualmente disponíveis para o tratamento desta infecção a sobrevida dos doentes pode ser muito mais longa desde que se cumpra rigorosamente o tratamento e as restantes indicações médicas. Actualmente existem algumas pessoas que vivem com esta infecção há mais de 20 anos.
Agora que tenho um resultado positivo o que faço?
Quando se fazem as análises para pesquisa dos anticorpos para o VIH e o resultado é positivo, significa que a pessoa está infectada por este vírus e que pode transmitir a infecção para outras pessoas através de comportamentos de risco. Significa também que essa pessoa tem uma infecção crónica de evolução lenta, para a qual não existe cura, que destrói lentamente as defesas do seu organismo e que, no futuro, poderá ter infecções e alguns tipos de tumores que se associam a uma imunodepressão. Uma pessoa que descobriu estar infectada deve procurar apoio médico para sua orientação. Precisará de consultas médicas e análise periódicas para avaliação da sua situação clínica e da necessidade de efectuar ou não tratamento com medicamentos específicos para o VIH. Esta vigilância médica periódica é essencial para evitar o aparecimento das manifestações oportunistas – infecções e/ou tumores – ou seja, para impedir que a pessoa fique gravemente doente. Qualquer pessoa que sabe estar infectada pelo VIH deverá adoptar comportamentos seguros para não correr o risco de contagiar outras pessoas e, também, não se infectar com outros agentes infecciosos.
Depende do momento em que é feito o diagnóstico da infecção e dos valores das análises, nomeadamente, do número de linfócitos CD4 (ou T4) e do grau de replicação e crescimento do vírus em cada doente. Os linfócitos CD4 são as células alvo do vírus e vão sendo destruídas à medida que a infecção avança. Estas células são fundamentais para que o sistema de defesa do organismo funcione bem. Quanto mais baixo o seu valor menores as defesas do organismo e mais avançado o grau da infecção. O grau de replicação e crescimento do vírus é-nos dado pelo valor da carga vírica (ou viral) que é a quantidade de vírus existente no sangue do doente. Quanto mais elevado o seu valor, maior a replicação do vírus e mais rápida a evolução da doença.
Num indivíduo assintomático, a indicação para início do tratamento depende do número de linfócitos CD4 e do valor plasmático da carga vírica. As pessoas com sintomas ou que já tiveram uma infecção oportunista têm indicação para iniciar o tratamento, independentemente do valor dos linfócitos CD4 e da carga vírica.
Qual o período de janela?
O período de janela é o período que decorre entre o momento em que se adquiriu a infecção e o momento em que os testes para o VIH, que pesquisam as proteínas formadas pelo organismo humano em resposta à infecção (os anticorpos), são positivos. Este período é, em média, de 4 a 6 semanas. No entanto, algumas pessoas podem ter uma resposta mais lenta à infecção, com formação mais lenta de anticorpos, o que significa que o diagnóstico da infecção através destes testes será mais tardio e, portanto, o período de janela mais longo. Com os testes actualmente disponíveis para o diagnóstico desta infecção, na maioria dos casos, o diagnóstico é possível entre a 3ª semana e o 3º mês após o contágio.
Diferenças entre os testes de ELISA e Western-blot.
Ambos detectam os anticorpos específicos produzidos pelo hospedeiro como resposta à infecção vírica. Os anticorpos específicos para as proteínas do VIH produzem-se algumas semanas após a infecção. Os testes actualmente disponíveis podem detectar a infecção cerca de 3 semanas após o contágio.
O teste ELISA é um teste de rastreio, de fácil e rápida execução. É muito sensível e específico para o diagnóstico da infecção pelo VIH. Qualquer teste ELISA positivo deve ser confirmado por um teste de Western-blot que é um teste que confirma definitivamente a infecção. São necessários dois testes ELISA reactivos para realizar o teste de Western blot.
Enquanto o teste ELISA detecta os anticorpos contra proteínas específicas do VIH de forma global, o teste de Western-blot detecta-os individualmente. A execução de um teste de Western-blot é mais demorada e tecnicamente mais complicada o que justifica que só seja utilizado para confirmar um teste de ELISA positivo.
Se o resultado do meu teste for positivo significa que o meu parceiro também está infectado? se eu tiver um resultado negativo o meu parceiro também terá?
Não existe uma correlação directa entre os resultados dos testes para o VIH de dois parceiros sexuais. O companheiro de uma pessoa com um teste positivo pode ter um teste positivo ou negativo. Também o companheiro de alguém cujo teste seja negativo, pode ter um teste positivo ou negativo. A resposta definitiva só poderá ser dada pelo resultado das análises.
De que forma se transmite a infecção da mulher para o homem durante as relações sexuais?
As secreções vaginais contêm vírus. O contacto do pénis, nomeadamente da glande, com estas secreções infectadas, durante a relação sexual, é a forma de transmissão da infecção da mulher infectada para o homem.
As mulheres têm maior probabilidade de adquirir a infecção do que os homens durante as relações sexuais vaginais?
Sim. Durante a relação sexual existe sempre um certo grau de traumatismo e aumento da irrigação sanguínea local. A área de exposição às secreções infectadas na mulher é maior do que no homem (a área da mucosa da vagina é superior à área da glande do pénis). Por outro lado, a quantidade de vírus que existe no sémen resultante de uma ejaculação é superior à quantidade de vírus existente nas secreções vaginais durante uma relação sexual.
Se tiver uma única situação de risco com uma pessoa seropositiva fico logo infectado? Porque existem pessoas que não ficam infectadas depois de terem contactos de risco com seropositivos?
Uma única situação de comportamento de risco com uma pessoa seropositiva não é indicativa de ocorrência de infecção. Pode ou não acontecer e é impossível determinar quando e se vai acontecer.
Existem algumas pessoas que são naturalmente resistentes à infecção por não possuírem receptores para o vírus. Nas células CD4 existem proteínas às quais o vírus se tem que ligar para poder entrar na célula. Muito raramente, pode acontecer que essas proteínas sejam diferentes das normais, sendo que, neste caso, o vírus não consegue ligar-se a elas nem entrar nas células, e, portanto, a infecção não acontece.
O uso de preservativo é essencial mesmo quando as duas pessoas são seropositivas. Se não usarem preservativo, de cada vez que tiverem uma relação sexual estão a reinfectar-se mutuamente o que pode piorar ou acelerar a evolução da doença de cada um.
Por outro lado, os vírus de cada um podem ser diferentes, nomeadamente no que diz respeito à sensibilidade e resistência aos medicamentos anti-retrovíricos. Não utilizando preservativo, corre-se o risco de adquirir um vírus com resistência aos anti-retrovíricos e comprometer, assim, o sucesso do tratamento.
Porque é que o sexo anal envolve maior risco de contágio?
Durante uma relação sexual anal existe um maior grau de traumatismo do que durante uma relação sexual vaginal. Existe maior probabilidade de ocorrência de pequeníssimas lesões (feridas) na mucosa anal que facilitam o contágio e ocorrência de infecção.
Sexo oral é uma forma de contágio e porquê?
A quantidade de vírus existente na saliva é pouco significativa. Não existe risco de aquisição da infecção através do beijo. No entanto quando a saliva está contaminada com sangue e existe contacto desta saliva com a mucosa genital, existe uma probabilidade, ainda que pequena de contágio. Se existir contacto da mucosa da boca com secreções vaginais ou sémen infectados, também existe probabilidade de infecção.
Ao ter relações com o meu / minha companheiro(a) seropositivo o preservativo rompe. O que posso e devo fazer?
Penso que todo o indivíduo seropositivo que tem um parceiro seronegativo deve discutir este assunto com o seu médico antes da ocorrência de um episódio deste tipo. Actualmente existe indicação para se fazer uma profilaxia pós-exposição, ou seja, uma prevenção da infecção, com utilização de medicamentos em situações deste tipo. Não existe certeza absoluta quanto à eficácia desta medida de prevenção. No entanto, quando existe indicação para a tomar, isso deve fazer-se o mais cedo possível após a ocorrência do acidente. Assim, é aconselhável procurarem ambos o médico que segue a pessoa seropositiva a fim de serem tomadas as medidas mais adequadas a cada situação.